quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Meu dia é o dia da Música!

Já ouviu falar aquela máxima: “Gosto não se discute”?
What a bullshit!
Claro que se discute, reclama, critica, briga, elogia, tira sarro e, acima de tudo, troca-se!
Que ridículo eu ficar no meu canto reclamando de um monte de merda que eu ouço, mas no fundo saber que mesmo dentro de uma panela de pagode chorão eu ainda consigo encontrar uma mistura boa! Até no maior palheiro de sertanojo a gente encontra uma canção-agulhinha que se aproveite.
E isso é óbvio que acontece por uma razão bem simples: EU ADORO MÚSICA! No melhor dos sentidos: o sentido de música como arte! Ora bolas! Música é arte!! Por que as pessoas insistem em esquecer isso?
Adoro arte e aprecio música como os enólogos apreciam vinho, os baristas o café, etc, etc...
É claro que eu queria aliar esta apreciação a um bom punhado de conhecimento. Mas eis a questão: para apreciar arte a gente precisa mais sentimento do que conhecimento.
A primeira vez que vi uma pintura de Van Gogh, eu pude ler na tela a estória daquela cena. O quarto em Arles é inesquecível pra mim! O nome Van Gogh não me dizia nada. A tela me dizia: solidão, tristeza, instabilidade, transição e, no meio de tudo isso, um pouco de paz!
Assim é música pra mim: uma bela mistura de letra, ritmo, harmonia, melodia, que sem nenhuma razão ou por todas as razões possíveis, entra pelos poros e preenche até o fundo da alma.
Adoro uma cena do filme “A Assassina”, que assisti por acaso, diga-se de passagem. Uma cena leve, depois da tanta tensão, quando a protagonista passa por uma reviravolta em sua vida e de repente entra aquela voz inebriante da Nina Simone cantando “Here comes the Sun”! Quebrou as minhas pernas! Beatlemaníaca alucinada, eu sempre jurei que nenhuma música do quarteto podia ser melhor em outra versão, com outro intérprete. Eu jurei. Não juro mais. Nina deu suavidade à música, deu mais vida do que ela já tinha e a trilha encaixou perfeitamente no momento do filme em que realmente parece que a vida da personagem vai começar a brilhar, parece realmente que o sol está chegando...
Eu devia saber que isso realmente acontece. As pessoas apreciam música de forma diferente. É claro! Todas as pessoas sentem de forma diferente. E repito: a arte se aprecia com sentimento. Eu entendi isso há um tempo com Elis Regina e esqueci por alguns anos. Agora aprendi.
Elis sentiu diferente “Saudosa Maloca”, e cantou diferente, interpretou diferente. Arrasou e emocionou! Podia ser um samba divertido para alguns. Para ela era uma canção triste, de uma situação triste. E para mim ela tinha razão. Como sempre, ela acertou em todas.
Todas as músicas de Elis me elevam, me emocionam e me ensinam.
Claro que tem essa coisa de música pra dançar, música pra dormir, música pra cantar no banheiro, música pra esperar, música pra chorar, música pra f***, sei lá...
Eu não acho nada disso, Arnaldo Antunes. Música é música! E pra quem gosta ela é sempre especial. Não vem com Sangue-de-boi e Piriquita na minha taça! Nem com café Pilão misturado com cevada e grão de milho na minha xícara! Não interessa o estilo! Pra se fazer arte tem que ter o dom, tem que ter talento!
Vamos admitir! Música é o máximo! Tem que ser tratada com dignidade.
Batuca no pandeiro com criatividade porque se é só pra fazer barulho eu já tenho minhas tampas e panelas! Põe uma letra envolvente, uma rima inteligente, toca o coração da gente...
Viu? Simples!
Ainda bem que eu só nasci para ouvir e apreciar mesmo... Não sei se é mera coincidência, mas dia 22 de novembro é o dia da música. Veja só: tem dia mais bonito para fazer aniversário? Aniversário é música!!!
Então ofereço para mim mesma, em minha auto-homenagem:
Envelheço na Cidade – Ira!
É foda ter bom gosto, não é mesmo?