segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quem vota em palhaço também o é!

Semana passada estava jantando com uns amigos discutindo assuntinhos básicos como trabalho, viagens, relacionamentos e, obviamente, sexo. Mas finalmente descobri que para deixar uma conversa realmente quente, nada melhor do que falar de outro tema: política! É, pois é! Vai entender o mundo moderno, né? A maioria dos temas deixou de ser tabu. Hoje em dia, legal mesmo é cair na religião e na política. Embora muitas vezes esses assuntos não levem a nada, porque são ambos questões de fé. No caso da política não deveria, é claro, mas o pior é que é!
E assim, no acaloramento da discussão, me peguei com a injusta tarefa de defender uma tese controversa: Brasileiro é um povo acomodado!
Uma bomba! E é claro que estou generalizando grosseiramente, supondo, exemplificando, sem provas, sem fundamentos científicos, blá, blá, blá... Desde quando conversa de botequim precisa de comprovações, laudos, dossiês e pesquisas estatísticas?
Você já viu algum argentino (portenho) ou carioca admitir que é arrogante ou chauvinista? Você já viu algum francês admitir que não gosta de trabalhar (ou de tomar banho)? Você já viu algum americano admitir que é inculto mesmo tendo a acesso a quase tudo?
Em que mundo um brasileiro vai admitir que é acomodado? Mas eu digo que é, e ponto! E se você consegue dar provas de que não é, então, parabéns! Você faz parte da imensa minoria que quer evoluir, enfrentar desafios, trabalhar pesado, estudar e ver o país mudar para não sentir tanta vergonha de certas coisas. Coisinhas como, por exemplo, ter um país com o presidente que é o maior vagabundo da história. Um babaca que surfa nas contingências favoráveis globais, nos esforços das pequenas e médias empresas brasileiras, as quais ele nunca retribuiu com uma mínima infra-estrutura para o seu desenvolvimento. Que conta mentiras com a seriedade de quem depõe em juízo, que se recusa a planejar o futuro do seu país, desconsiderando principalmente a educação daquele que ele alega acreditar ser tão gente quanto ele. Um paspalho ignorante e manipulável que é adorado por um povo que se recusa a olhar ao seu redor. Que somente na falta de estudo é igual ao seu presidente.
Você sabe que uma boa parcela da nossa população nunca soube o que foi a ditadura militar, nem tinha conhecimento das barbáries que aconteciam neste período e talvez até nem acreditem em relatos da época? Você sabe que a maioria das pessoas não tem idéia de que os candidatos para os quais darão ou já deram os seus votos são ou não envolvidos com esquemas de corrupção como o mensalão, o mensalinho e outras vergonhas mais?
Você me diz que o Tiririca vai ganhar um cargo importantíssimo no Congresso porque o povo está revoltado??? Me poupe! Eu te digo que o povo é acomodado porque não quer pesquisar o trabalho de candidatos sérios e suas propostas, porque tem preguiça de avaliar, discutir, pensar e até de ficar na dúvida (o que é até pouco provável diante das opções) e porque tem a desculpinha esfarrapada de estar revoltado. Depois quando vê um país sem lei, vai reclamar como quem tem todo o direito. Põe no congresso um bando de bandidos e quer que eles façam leis contra si próprios? Vota em inúteis e não quer ver o país estagnado!
A situação para mim é clara: quem vota em palhaço também o é! E na verdade, esse votinho já tá mais do que manjado. Protestaram votando em Enéias, Clodovil, Frank Aguiar e viram apenas que o cheiro da merda nacional se espalha com muita facilidade. Agora não faltam Zé Bostas para os cargos mais importantes do país, inclusive, é claro, o mais importante. O presidente escolhe o seu Zé Bosta e a nação está pronta para dar-lhe o seu voto! Não é surpresa ver o presidente apoiando o seu Netinho para senador. É fácil fazer discurso de pobre quando não se tem que trabalhar duro na vida. É fácil ser trabalhador com os projetos e as ações alheias, e é mais fácil ainda distribuir presentes com o dinheiro dos outros. É isso que dá levar o fanatismo para a política!
Bom, não estou reclamando. Não tenho nada contra pagodeiros, viu? Apenas contra aqueles que são assassinos, cúmplices de traficantes e, é claro, agressores de mulheres...
Mas na nossa política sempre existirão piores exemplos do que na nossa música. Temos um congresso Pocotó, uma câmara atoladinha, oficina da propina e do créu no dinheiro do povo (na velocidade máxima).
O comodismo reside no fato não querer ver, não querer agir e ainda fingir que é atuante.
Se os brasileiros (a maioria) lessem jornal, andassem nas ruas prestando atenção, avaliassem a história do país e conhecem também a história de brasileiros admiráveis, talvez eles percebessem para onde estão levando o nosso futuro.
Pior do que tá, é claro que fica! Quando na cabeça só tem titica!
Por que de repente os eleitores tem acreditado em tanta bobagem e tanta mentira? Querer achar que tudo está bem não é otimismo, é comodismo. Otimismo é ter certeza que realmente as coisas estão acontecendo corretamente e esperar que continuem.
Quando falo da maioria, ela não se concentra só no Nordesde, não. Ela é realmente nacional. Obviamente lá prolifera a falta de oportunidades e o excesso de desculpas (embora para fazer filho e fofoca não falte tempo, dinheiro, nem disposição...). Mas em São Paulo também proliferem desculpas, especialmente a falta de emprego. E o pior é que tem emprego, sabia? Porém, aqueles que se julgam bons demais não os querem. Não querem ser torneiros mecânicos, padeiros, telemarketings, auxiliares, p* nenhuma! É claro que não. Porque se forem muito bons, sabem que depois serão encarregados de fábricas, chefes, supervisores de call centers, gerentes... Mas para ser muito bom tem que trabalhar de verdade e estudar muito, né? E aqui vos fala um pessoa para quem a vida deu as condições para ser semi-analfabeta, ter um sub-emprego, casar e ter muitos filhos, assim como os seus pró e genitores. Mas a atitude individual é a base da mudança sempre e nós temos grandes exemplos disso no Brasil. Pena que eles sejam escassos. Infelizmente nos países de pessoas acomodadas os maus exemplos são mais bem-vistos ou bem ignorados! Santa indolência!