quinta-feira, 28 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O privilégio dos pequenos problemas

Eu gosto de estar aqui nesse momento pensando nos meus pequenos problemas. Pensando em soluções para que a crise mundial não afete minha vida profissional, nas minhas contas para pagar, nas minhas discussões familiares, nas minhas pequenas imperfeições estéticas... Enfim, eu sou uma privilegiada!
Em tão pouco tempo a vida mostra-nos tanta coisa! Tantas pessoas que têm uma vida aparentemente perfeita e de repente tornam-se vítimas da vulnerabilidade humana. Eu sei que é clichê dizer que temos sorte por sermos jovens, saudáveis, termos casa, emprego, etc... Mas será mesmo que percebemos esse privilégio no nosso dia a dia? Sim, porque tem que haver um propósito nessa seleção do destino! Acredito que um deles seja abrir os olhos de alguns cegos super privilegiados! É fato que existem pessoas que procuram (conscientemente ou não) uma vida desregrada, problemas de saúde, acidentes, etc... Mas o que mais encontramos são aquelas situações “tapa na cara”, sabe? Pessoas com tão pouco, com limitações e grandes problemas, mas que se viram, se acham, se encontram, se aceitam e, sobretudo, que amam a vida! O que é preciso perder para perceber tudo que se tem? Será que realmente temos consciência da nossa fragilidade? Mas se pensarmos sempre que não somos nada neste mundo, onde vamos buscar forças para conseguir tudo que almejamos? Onde diabos está esse equilíbrio que tanto buscamos? Entre saber que não somos nada, mas que podemos tudo? Na religião?? Sei não... São tantos dogmas que sobrepõem o maior objetivo... No amor? Talvez, mas em que tipo de amor? Na caridade? Onde?Acho que é óbvio que dentro de nós mesmos. Mas ainda não inventaram um navegador que guie-nos por dentro de nós mesmos, que faça com que consigamos rastrear, localizar (e entender) nossos sentimentos e emoções. Somos, e talvez sempre seremos, o mais perfeito e quase “incorrigível” mistério.
É tão fácil dizer: - Olhe para dentro de si mesmo! Olhar como???? Visão raio X??? Ninguém tem consciência de nada! O fulano aprende uma coisinha aqui, outra ali e se sente o máximo, o guru do universo e, no fim, também não sabe nada sobre si próprio! Será que criaturas “aparentemente” mais evoluídas como Gandhi, Che e Luther King, por exemplo, conheciam a si mesmos? Será que eles sabiam mais sobre os pequenos privilégios do que aquelas pessoas que hoje em dia encaram uma dura rotina em uma cadeira de rodas? Quando seremos genuinamente gratos e conscientemente felizes por sermos os privilegiados? Quando teremos a medida exata da extensão de nossos problemas? Quando seremos pura e simplesmente felizes por apenas estarmos vivos?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Salve, Drauzio!

Sabe quando alguém pergunta, por mera curiosidade: Quem é seu ídolo? E você responde com um baita orgulho? Sabe? Sabe? Eu sei: Drauzio Varella!
Na verdade eu nem precisava me esforçar tanto. Num cenário com tanta gente sendo influenciada por tantos artistas medíocres, babacas metidos a celebridades, modelos, posers, idiotas de plantão, etc, etc... Qualquer ser humano que pense já é uma boa resposta!
Mas ele é realmente exemplar. Além de pensar, falar e escrever muito bem, ele age! E acabou de concluir mais uma série espetacular sobre um tema que eu até hoje me pergunto por que é tão renegado e tão polêmico na nossa sociedade!
Como doadora assumida e militante pela causa, eu lamento muito que vivamos em um país tão despreparado para lidar com um dos maiores avanços científicos do nosso tempo e fico horrorizada com o descaso dos cidadãos e do governo em relação à evolução dos transplantes no Brasil. Ora, ainda temos pessoas que se dizem não doadoras por medo de roubarem seus órgãos! Pessoas que se dizem não doadoras porque não querem seu “corpinho” danificado na hora do enterro! Ai, meu Deus! Já ouvi tantas! Pessoas não doadoras porque simplesmente não querem doar! Filhos da puta! Deviam ser os primeiros da lista a precisar um dia! Ah, deviam sim! Ops, os primeiros não, os últimos!
O dr. Drauzio mostrou na sua série no Fantástico os vários problemas a serem resolvidos no nosso sistema de saúde, os entraves, a burocracia, a ignorância da população, o despreparo dos hospitais, o descaso do governo e a inércia de todos, especialmente do paciente, que é o único que realmente não pode fazer nada a respeito.
Espero que tenha sido muito útil, porque é isso o que o Dr. Drauzio tem feito durante toda a sua vida: ser útil. E espero que mude muita coisa em nosso país. Não só em termos de transplantes, mas em termos de respeito ao próximo também.
Precisava tanto de mais pessoas assim no nosso mundo, no nosso país, no nosso universo particular... Cada vez ficamos mais enojados com as nossas figuras públicas! Até tu, Heloísa Helena?
Onde estão as pessoas que copiam o desvelo do Dr. Drauzio com a sua profissão? É a festa da incoerência, um desfile de devassidão, um soco na nossa cara! E o pior de tudo isso, se é que pode ter algo pior: a maioria das pessoas ainda não sabe votar!
Eu que criticava tanto aquelas pessoas que diziam que o voto não devia ser obrigatório, que isso era pior, não era democrático, blá, blá, blá... Vivi para me arrepender. Ainda bem que a gente vive pra se contradizer. Realmente talvez isso melhorasse a nossa situação. Mas eu não acredito mais em muita coisa hoje. Hoje é um dia em que eu só acredito no poder revigorante de uma boa noite de sono!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Silêncio, por favor!

Ai... Essa frase me lembrou uma música do Paulinho da Viola:

“Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco a dor no peito
Não diga nada sobre meus defeitos...”

Quem será que inventou o dia do silêncio e por quê? Quantas pessoas sabem que hoje é o dia do silêncio? Que preguiça de perguntar para o meu amigo Google.
Na verdade não sei se tem um objetivo ou não, mas esse dia podia remeter ao próprio significado da palavra, segundo os principais dicionários: a ausência total de ruídos. Por um dia! Um diazinho apenas. Ou seja, pura utopia! Silêncio hoje em dia só pode estar relacionado ao fim do mundo.
No início era o Caos... O novo caos seria o silêncio total.
Dá até prazer em pensar. Sem máquinas, carros, caminhões, trens, buzinas, gritarias, TV com a novela das oito cheia de expressões indianas mal pronunciadas, funk da mulher melancia, maçã e homem banana, etc, etc... Só a mais pura contemplação do silêncio. Como diria um grande entendedor do assunto, Charles Chaplin:
"O som aniquila a grande beleza do silêncio."
Concordo plenamente. O silêncio, além de ser muitas vezes esclarecedor, também é belo.
Acho que ouvi há um tempo atrás sobre um dia do silêncio criado nos EUA por uma comunidade gay para representar a solidão e o desprezo que eles recebiam da sociedade. Não sei se é isso mesmo, mas achei a melhor forma possível de protestar. O silêncio é uma arma poderosa. Em nossa História já foi o protagonista muitas vezes. O momento que mais pode exemplificar o que estou dizendo é o Holocausto. Um desastre fruto da tirania de um e do silêncio de milhares.
O minuto de silêncio também é uma maravilhosa homenagem. Nos faz refletir sobre a grandeza das pessoas. Nos lembra que somos humanos e não nos conformamos com a violência dos nossos dias.
Silêncio pode ser sinônimo de muita coisa: medo, desprezo, indiferença, constrangimento e o mais comum de todos: falta de assunto e/ou de opinião. Esse último silêncio me irrita muito, mais que o silêncio da indiferença. Algumas pessoas não falam com receio de parecer idiotas e, no fim, podem simplesmente parecer covardes. Será que é tão menos degradante parecer covarde?
“Quem cala consente!”
É isso mesmo! Vivemos num mundo de consentidores. Um vergonhoso mundo em que há aqueles que preferem que critiquem o seu silêncio ao invés de suas palavras.
O silêncio realmente não atesta ignorância. O silêncio apenas omite a falta de conteúdo! Mas não é esse o silêncio que esperamos das pessoas. Gostamos do silêncio que traduz a serenidade, e o silêncio que amamos é aquele que diz tudo!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Depende...

Depende daquele restinho de forças
encontrado na mais exausta das criaturas
Depende daquela vontade firme
que não pensa na impossibilidade de mover montanhas
Depende de um simples toque lá no fundo do coração
que quer dizer: Tente ! Você pode !
Depende de crer, antes mesmo deste toque,
pois sem a fé, ele é nulo!
Depende de ouvir tanto quanto falar,
ou ouvir mais, ou apenas ouvir...
Vozes externas e internas, universais!
Depende da esperança
e ela é infinita
Depende do outro,
que pode ser aquele que está dentro de nós
Depende mais de um do que do outro
e é assim que ambos devem pensar
Depende de setas que buscam o mesmo alvo,
mesmo que tenham sentidos opostos
Depende de aprender sempre
e da consciência da própria ignorância
Depende de nunca ter certeza, nunca!
E de nunca acreditar que nunca...
Depende de saber que ninguém é só
e somos únicos, ímpares, mas incompletos
Depende de buscar a perfeição
e alguns a chamam Deus!
Depende de saber que há um mundo dentro de nós
que reformamos a cada dia
E do que pensamos sobre este mundo
e como fazemos esta reforma
Depende do conteúdo sempre
e comercialmente da imagem...
Depende de plantar sempre
Tudo o que colhemos também depende
do que plantamos
Depende de transformar problemas em soluções
obstáculos em vitórias
derrotas em lições e estímulos
Depende de saber que somos nada e podemos tudo,
e tudo é consequência do que fazemos com este poder
Depende de aprender com a tristeza e esquecê-la
Eternizar as pequenas e grandes alegrias,
e buscar alegria dentro de nós, pois é lá que ela vive...
Depende de recordar sempre os bons momentos
e torná-los consolo para as horas difíceis
Depende de nunca magoar alguém,
pois existe o respeito, o arrependimento e o amanhã...
Depende também de não guardar mágoa
E desprezar a inveja, sentimento igualmente inútil
Depende também de ridicularizar a raiva,
pois ela nos torna tão idiotas
Depende de só sentir ciúmes do que realmente é nosso
(e ninguém é dono sequer de si próprio)
Depende de ver o lado bom de tudo,
pois o lado mal existe
Depende de esquecer o passado
que nos traz auto culpa, sofrimento e desgosto
e também nunca esquecer o passado
em que fomos muito felizes...
Depende de nunca ignorar o futuro
e eliminar a prepotência e a ansiedade
Depende de esquecer a vingança e crer na justiça!
Depende de acreditar que a morte é apenas uma passagem
e amenizar a saudade com boas lembranças...
Depende de não ser egoísta e não viver “relações” unilaterais
Depende também de não depender de ninguém
Depende do amor
de aprender com a dor
Depende fundamentalmente do equilíbrio:
A vida!
Pende, depende...

Gina Ferreira
Nov/2000