sábado, 3 de outubro de 2009

Hablemos español, adobemos español



Lembro-me como se fosse hoje a minha indiferença, ou melhor, o meu desinteresse pela língua espanhola. Às vezes tenho vergonha de confessar isso porque desde que me conheço por gente, sou apaixonada por inglês. E, analisando bem, sou apaixonada por uma língua completamente diferente da minha, falada em países com culturas totalmente diferentes da minha e pouco importante em termos práticos na minha vida, já que não tenho nenhum contato com americanos, ingleses, e qualquer outro falante nativo ou que utiliza o inglês como intermédio para se comunicar. Enfim, eu adoro o meu inglês inutilmente útil. O meu inglês que me ilumina diante de termos de informática, moda, comportamento e que me faz entender as minhas adoradas músicas.

Música! Eis a primeira razão que, acredito, faz uma pessoa se interessar por um idioma.

Então, por isso agradeço imensamente aos seguintes responsáveis pela minha mais recente paixão pela língua espanhola, esta sim tão útil para comunicar-nos com os nossos vizinhos, melhorarmos inclusive o nosso português e instruir os nossos filhos que, a partir do ano que vem, vão tê-la como disciplina na grade escolar:

- Luis Miguel
- Jon Secada
- Shakira (¿Por qué no?)
- Juanes
- Alejandro Sanz

E agora, os meus mais queridos mestres involuntários:

- Maná
Sim, porque com Maná, adubando dá. Adubemos o nosso espanhol.

domingo, 23 de agosto de 2009

Coisas do coração

No meio da multidão grita uma maluca. Maluca beleza, diga-se de passagem. E naquele show lotado ninguém estranha os gritos frenéticos. Será mesmo que rola músicas em português num evento gringo? Pode ser que Sting ou Elton John queiram cantar "Let me sing" talvez...E a gritaria contagia até virar coro lindo de se ouvir:
- Toca Rauuuul!!!!
Se fosse um show qualquer, com certeza iriam olhar torto e até resmungar um infeliz: - Cala a boca!
Mas é show de verdade, com música de verdade. No meio de tudo isso há poesia, reflexão, humor, sentimento, devaneios e tudo isso junto ao mesmo tempo, o que é bem melhor. Quem conhece essa mistura não fica indiferente à Raulzito. E continua sempre ali, curtindo, cantando, viajando... E quando tudo fica perfeito, lembra do maluco e aí não dá pra segurar:
- Toca Rauuuul!!!!
Há duas décadas “a conexão foi perdida” e a gente nunca deixa de sentir saudades. Raulzito Rock Seixas faz falta demais.

“Somos a reposta exata do que a gente perguntou
entregues num abraço que sufoca o próprio amor
Cada um de nós é o resultado da união
De duas mãos coladas numa mesma oração
coisas do Coração...”

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eu sei, é apenas cinema nacional, mas eu gosto!

Não! Tô cansada! Só essa semana foram três pessoas que me disseram que não vão ao cinema perder tempo com filme brasileiro. Alugar DVD nem pensar!
Calma aê! Não é por aí, não! Eu fui ao cinema para ver A concepção e não fiquei xingando ninguém. Até hoje não me arrependo. São também experiências “amargas” assim que nos tornam mais sábios e seletivos. Lógico que já caí em outras roubadas do tipo Meu tio matou um cara e A casa da mãe Joana, mas tudo bem. Bosta também é importante para fertilizar o solo.
Tem gente que anda meio desatualizada, né? Achando que ainda estamos na fase pornochanchada. Com Sonia Braga e Vera Fisher mostrando meias palavras e peitos inteiros, textos desnecessários e prolixos. Ou então na safra anos 80 com aquele roteirinho bobo, cenas nonsense e um imenso apelo musical como em Menino do Rio, Garota Dourada ou Beth Balanço. Enfim, mesmo nesses períodos muita coisa boa surgiu e muita coisa boa ainda há de pintar por aí. Eu só não posso falar daquilo que não sei, porque essa não era bem a minha época. Na verdade não era a época de quase ninguém, afinal, por incrível que pareça, a produção nacional era bem menor do que hoje. Aliás, o Brasil tem parido muitas películas interessantes ultimamente e dessa época eu mesma posso citar uns poucos que a galera mal informada podia conferir. Porque não querendo ser falsa patriota e/ou piegas, mas já sendo, temos mesmo que valorizar a nossa cultura e descobrir o nosso potencial. Walter Salles e Fernando Meireles já são internacionais. O Brasil tem muito mais para dar!

O Bicho de Sete Cabeças – Não sei se Rodrigo Santoro deu a perfeição ao filme ou o filme a Santoro. Ambos são impecáveis. Elenco, roteiro, atuação... Tudo no lugar certo! Um filme comovente que foi o primeiro a abrir meus olhos para a competência do cinema nacional.

O ano em que meus pais saíram de férias – Mostra uma época dura da nossa realidade (os tempos de ditadura) aos olhos de uma criança. E, aliás, falando em crianças, o filme traz duas muito talentosas, o protagonista e sua amiga, duas mini-estrelas. Isso deixa o filme doce e leve, apesar da temática triste. Inesquecível!

Chega de saudade – dá para imaginar um filme onde o único cenário é um típico salão de baile, desses tipo terceira idade, com ritmos como bolero, maxixe, forró e canja da Elza Soares e banda? Não dá! Por isso é também inusitado! E mesmo com um elenco de talento duvidoso (Betty Faria, Paulo Vilhena...), porém impecável (neste filme, pelo menos), o filme é muito bom!

Depois daquele baile – Esse só pelo elenco já dá para ver que não é um filmeco qualquer. Lima Duarte, Irene Ravache e Marcos Caruso no melhor estilo “monstros sagrados” pra ninguém botar defeito. Emoção a flor da pele. Uma história para ver e rever e se emocionar sempre. Amor e amizade relatados com toda a poesia que ambos merecem.

Cheiro do ralo – Humor negro, ácido, sarcástico na sua melhor forma. Selton Mello só faz coisa boa, vamos combinar! Mas, nesse caso, sem aquela previsibilidade de O Alto da Compadecida e O coronel e o Lobisomem, aliás, ótimos também. Neste filme ele mostra à que veio. Bom, já tinha mostrado... Agora ele prova mesmo. Daí pra frente é só coisa boa, como Lavoura Arcaica, Meu nome não é Johnny, blá, blá, blá, até parece que dá para citar um só. Selton é selo de qualidade.

Tropa de Elite – Wagner Moura em excelente fase. Uma pitadinha de humor trazida de Deus é brasileiro com um pouco de seriedade e mistério trazidos Caminho das Nuvens. Atuação implacável num roteiro matador. Realidade e ficção bem misturadas ou bem separadas, da forma que o espectador quiser.

Central do Brasil – Este é fraquinho de elenco, traz só a melhor atriz brasileira dos últimos tempos. Quem discorda é porque precisa sair da frente da televisão. O filme é uma linda estória com base na realidade brasileira para brasileiro ver. Ou seja, sem essa de injustiça porque não levou Oscar. Acho que não ia levar de qualquer jeito, mas temos que concordar que concorrer com “La vita è bella” é sacanagem. Esse aí é só a obra-prima de Benigni, devia ter ganho o Oscar de Melhor Filme e ponto. Mas vai falar isso para um americano, né?

Cidade de Deus – Com míseras indicações ao Oscar, este sim, merecia mais. No mínimo, melhor filme estrangeiro, mas paciência. Uma estória tocante sobre um menino que escapa de se tornar um bandido em meio à tanta miséria e violência. Belo roteiro, fotografia, não deixa nada a dever diante de grandes produções hollywoodianas.

Bom, citei só esses aí, mas não por falta de opção. É por falta de tempo mesmo. Fora que é a minha humilde sugestão para quem está pensando em filmes realmente interessantes, que acrescentem alguma coisa, já que se é para ver besteirol estilo americano, nós também temos “Divã”, “Se eu fosse você”, “Fica comigo esta noite” e tantos outros para dar e vender. Porque ver um filme muito bom sem dublagens e legendas, que muitas vezes distorcem o sentido original, com créditos, trilha sonora e tudo mais em português bem brasileiro não tem preço!

sexta-feira, 17 de julho de 2009


Eu realmente gostaria de deixar minhas opiniões sobre esta maravilhosa viagem no tempo que é este livro. Tempos que pouco vivi e outros que muitas vezes desejei ter vivido.
Na verdade, por mais que quatrocentas e poucas páginas sejam aparentemente ridículas para contar estórias dos momentos mais marcantes da nossa música, em sua maioria elas são precisas e recheadas com uma prosa fluida e gostosa que vale cada parágrafo. Eu poderia dizer muito mais, ressaltar o meu desejo por mais esclarecimentos, mais segredos, confidências, detalhes das obras e de artistas que alimentaram e alimentam minha alma com músicas inebriantes e letras comoventes. Mas pesquisando algumas informações sobre este livro acabei por encontrar algo tão estranho que não tenho como não postar. Eis aqui um comentário que é EXATAMENTE a minha opinião, sem tirar nem por. Quer dizer, exceto a parte do amigo que falou que Nelson Mota era oportunista e paspalho. Felizmente eu não tenho nenhum, ia sugerir que ele postasse comentários mais construtivos e embasados. Infelizmente eu não tenho nenhum, meus amigos ultimamente não lêem nada que preste e se lêem, só Deus sabe...

Uma Aula Sobre Cultura Pop
por Marcelo Silva Costa

Um amigo, numa resenha, escreveu que Nelson Motta era oportunista, um paspalho. Outro amigo, numa mesa de bar, me explicou que o problema de Nelson Motta era passar uma imagem de agitador e ser exatamente o contrário, um acomodado. Eu, pessoalmente, não tenho opinião formada sobre a pessoa Nelson Motta. Apenas o conhecia de algumas letras legais em parceria com Lulu Santos e do chatíssimo programa Manhattan Connection. Mesmo assim fui, cético, ler seu livro "Noites Tropicais"... e chapei.
"Noites Tropicais" funciona como uma quase biografia do autor, que conta suas memórias musicais, vividas como jornalista, produtor, compositor, diretor artístico, crítico musical, entre outras funções. Funciona melhor ainda como um diário de turma. Imagine-se contando a história da sua turma, os acontecimentos engraçados, fatos inusitados. O diferencial é que a turma de Nelson Motta tinha personagens com Vinícius de Moraes, João Gilberto, Roberto Carlos, Elis Regina, Rita Lee, e o grande Tim Maia (responsável pelos melhores trechos), além de muitos, mas muitos outros.
É lógico que apenas bons personagens não rendem um bom livro. Se não houver, entre eles, uma ligação, uma história, poderia ser uma bobagem. Mas "Noites Tropicais" não é. A força do livro se concentra, claro, na histórias da bossa nova, em seu confrontamento com a jovem guarda, e nos festivais, febre da nascente indústria da televisão no Brasil.
Na verdade, funciona melhor ainda como um diário dos anos de ditadura. E ganha pontos com isso, ao relacionar música com política. Porque é impossível distanciar algo cultural (seja livro, seja cinema, seja música) do ambiente em que ele foi gerado. Com isso, percebemos que a MPB foi, sim, um retrato inteligente dos anos difíceis pós AI5 e que o breganejo, o axé e o pagode, são o retrato perfeito do Brasil 2000, um país chafurdando em sua própria miséria cultural, e se divertindo com isso. Já foi diferente, e é esse o grande mérito de "Noites Tropicais". Trazer em seu conteúdo, para quem tem menos de 30 anos, histórias já contadas por muita gente, em vários lugares, mas nunca registradas em papel. Sendo assim, podemos perceber o valor de um Chico Buarque, hoje afastado da mídia. Apenas o episódio "Julinho da Adelaide" é tão importante para a música brasileira quanto o Sex Pistols tocando às margens do Tamisa, no Jubileu da Rainha, em 1977, para a música inglesa.
Fora isso, o livro ainda é divertidíssimo. E Tim Maia é personagem central de várias das passagens antológicas do livro. Numa dessas, depois do grande sucesso de "Primavera", que vendeu milhares de discos, Tim foi para Londres e se
esbaldou com tudo (drogas, bebidas, brigas) e voltou com 200 doses de LSD para distribuir aos amigos. Nelson conta que assim que chegou a Philips (sua gravadora), Tim visitou diversos departamentos, começando pelos mais caretas, como a contabilidade e o jurídico, e repetia, sempre o mesmo discurso ao funcionário da repartição: "Isto aqui é um LSD, que vai abrir sua cabeça, melhorar a sua vida, fazer de você uma pessoa feliz. É muito simples: não tem contra-indicações, não provoca dependência e só faz bem. Toma-se assim". Nelson diz que após isso, Tim jogava um ácido na boca e deixava outro na mesa do funcionário (imagina a cara de babaca do cara). Como era o sucesso da gravadora, todo mundo achava graça. E até o presidente da companhia ganhou a sua dose. É mole?
É claro que o livro comete alguns erros, afinal é a versão de uma pessoa sobre a vida de muitas outras. Principalmente quando o assunto é o rock nacional anos 80. Mas é necessário observar que Nelson tinha mesmo que contar a história da
sua turma, da turma dele. O rock nacional é outra turma, é a minha turma, e esse capítulo terá que ser contado por outro. Isso explica erros infantis como trocar uma palavra -importante - na letra de "Inútil" do Ultraje ou achar que o Ira! nunca esteve entre as grandes bandas dos anos 80. Mas é perdoável, afinal não podemos cobrar de um cara que quis aprender violão, para tocar bossa nova (com a sua turma), que ele venha tocar guitarra e sair com a galera dos anos 80 (a nossa).
Esses erros e acertos chamam-se História (com H maiúsculo e dourado, como diria Humberto Gessinger dos Engenheiros do Hawaii). E para aqueles, que como eu, acham que cultura pop devia (quem sabe um dia) ser estudada em escolas, "Noites Tropicais" é obrigatório. É muito mais interessante que física, química ou gramática (como aprovaria Renato Russo). É um retrato antigo de um país inteligente. Um tempo que dificilmente voltará. Um livro para roqueiros (como eu), sambistas, tropicalistas, rappers e sobretudo, um livro para a juventude. Era assim.

Marcelo, 29, é editor do fanzine de cultura pop Scream & Yell.

http://www.screamyell.com.br/literatura/tropicais.htm

domingo, 28 de junho de 2009

Mais um blog que chora...



Sei que este será um entre tantos os blogs que vão lamentar a morte de um astro. One day in our life. Embora já não adiante mais nada falar de Michael agora, ele se foi, virou talvez estrela de verdade.
Fico realmente triste quando perdemos verdadeiros artistas em meio a tanta falta de arte. Tanta gente que ouve música achando que realmente está ouvindo algo tocante, profundo, marcante e, no fim, é só mais um dos vários novos itens descartáveis dos nossos tempos. Às vezes parece que há também uma escassez de alma.
Eu não queria que Michael fosse o último. Compositor, produtor, dançarino e também um dos melhores cantores que já ouvi. Eu queria que houvesse tantos "pacotes completos" quanto ele. Mas no fundo, no fundo eu sei que isso é praticamente impossível. Que gênios são raros, e como todos os gênios, loucos. E a loucura mais comum dos nossos dias é aquela improdutiva, ignorada e triste.
A verdade é que, como a grande maioria das pessoas, eu não pensava em Michael Jackson. Eu não estava parando minha vida ou deixando de ouvir e pensar outras coisas para me preocupar porque ele estava tão sumido, se estava bem ou mal, esquecido ou na ativa, se estava sendo injustiçado ou se teve mais do que merecia em sua vida. Eu não me compadecia de sua situação.
E hoje eu também estou chocada. Não porque acredite que artistas são onipotentes. Não porque achasse que Michael Jackson era imortal, o que de certa forma tem lógica, porque os mitos não morrem. Eu estou chocada porque parte de mim parece ter ido também, parte de mim parece que aos poucos fenece, e eu lembrei que somente outro gênio poderia explicar essa sensação:

“Tudo que cessa é morte, e a morte é nossa
Se é para nós que cessa. Aquele arbusto
Fenece, e vai com ele
Parte da minha vida.
Em tudo quanto olhei fiquei em parte.
Com tudo quanto vi, se passa, passo,
Nem distingue a memória
Do que vi do que fui...”

Fernando Pessoa tinha a habilidade de traduzir a alma humana tão bem quanto Michael Jackson em fazer música. E as músicas do garotinho que virou superstar marcaram infâncias, adolescências, separações, superações, amores, vidas... É por isso que choramos. Porque com a morte do mito, a conexão está perdida e temos a noção de que, de fato, o arbusto feneceu. Passou, passamos...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Entre a cruz e o contraste



Sempre que penso em preconceito vem à minha cabeça uma gravura de duas mãos cruzadas, uma negra e outra branca, simbolizando a união racial. E sempre tenho a sensação de que um dia a beleza deste contraste vai deixar de ser apenas um símbolo e tornar-se uma realidade.
O preconceito é definido em dicionários como uma idéia concebida sem bases, uma suspeita, intolerância ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc. As crianças aprendem esta definição na escola, que por sua vez é divulgada por universitários, professores, escritores, políticos e muitos outros membros atuantes e influentes na sociedade. E, no entanto, como pode um sentimento oriundo de suposições e impressões causar tanto impacto, e até mesmo tantas tragédias, para a humanidade? Às vezes é difícil acreditar que abolimos a escravatura há mais de 120 anos e que já não existe absolutamente mais nenhuma razão lógica para nós, homens brancos, considerar-nos intelectualmente superiores.
Eu sempre fui contra a radicalização, contra a revolução armada, a ditadura e tantos outros termos antidemocráticos. Mas às vezes me questiono se muitas ações foram no passado utilizadas para o mal, por que não podem ser repensadas para o bem?
Erro histórico, como atualmente define-se a origem do preconceito racial, só pode ser corrigido com ações drásticas. Esperar que surjam idéias perfeitas para solucionar este problema pode realmente sabotar as tentativas que aí estão se complementando. Não é pouco que finalmente tenhamos um presidente negro na maior potência mundial, não é pouco que tenhamos cotas estabelecidas para negros em universidades, para casting em desfiles de moda e, talvez um dia, percentual mínimo em quadros de funcionários de empresas públicas e privadas, cargos políticos e maior representatividade na sociedade. Não é pouco, mas é insuficiente. A mudança deve sempre começar de algum lugar e, lamentavelmente, no preparo desta omelete, muitos ovos terão que ser quebrados.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a proporção de negros no Brasil desde 1993 cresceu de 45,1% para 49,8% , sendo que entre os homens, a população negra é maioria (51,1%), ou seja, a parcela negra da população aumenta e as dificuldades persistem, o tratamento é desigual e o acesso às oportunidades totalmente assimétrico.
Muitos discutirão que cotas e outros tipos de imposições (leis) vão implicar em novas exclusões, que o talento deve prevalecer sobre a raça, que a cor de pele não define o caráter e outros argumentos mais, que são válidos, justos e também óbvios. Esses argumentos são mais do mesmo. Eles não agem, eles não produzem e muitas vezes só servem para adiar atitudes que poderão ajudar muitas pessoas a entender de fato o significado dos dicionários.
A desigualdade racial só começará a cair por terra quando encarada isoladamente como fruto do preconceito e uma herança cultural maléfica, e não apenas, como mais um problema em nossa sociedade. Igualdade para brancos e negros fortalecerá a união destas raças na busca de soluções para demais problemas que são enfrentados desde sempre por ambas, como educação de má qualidade, violência urbana e também a desigualdade social como um todo.



Gina Ferreira 22/06/09

quinta-feira, 28 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O privilégio dos pequenos problemas

Eu gosto de estar aqui nesse momento pensando nos meus pequenos problemas. Pensando em soluções para que a crise mundial não afete minha vida profissional, nas minhas contas para pagar, nas minhas discussões familiares, nas minhas pequenas imperfeições estéticas... Enfim, eu sou uma privilegiada!
Em tão pouco tempo a vida mostra-nos tanta coisa! Tantas pessoas que têm uma vida aparentemente perfeita e de repente tornam-se vítimas da vulnerabilidade humana. Eu sei que é clichê dizer que temos sorte por sermos jovens, saudáveis, termos casa, emprego, etc... Mas será mesmo que percebemos esse privilégio no nosso dia a dia? Sim, porque tem que haver um propósito nessa seleção do destino! Acredito que um deles seja abrir os olhos de alguns cegos super privilegiados! É fato que existem pessoas que procuram (conscientemente ou não) uma vida desregrada, problemas de saúde, acidentes, etc... Mas o que mais encontramos são aquelas situações “tapa na cara”, sabe? Pessoas com tão pouco, com limitações e grandes problemas, mas que se viram, se acham, se encontram, se aceitam e, sobretudo, que amam a vida! O que é preciso perder para perceber tudo que se tem? Será que realmente temos consciência da nossa fragilidade? Mas se pensarmos sempre que não somos nada neste mundo, onde vamos buscar forças para conseguir tudo que almejamos? Onde diabos está esse equilíbrio que tanto buscamos? Entre saber que não somos nada, mas que podemos tudo? Na religião?? Sei não... São tantos dogmas que sobrepõem o maior objetivo... No amor? Talvez, mas em que tipo de amor? Na caridade? Onde?Acho que é óbvio que dentro de nós mesmos. Mas ainda não inventaram um navegador que guie-nos por dentro de nós mesmos, que faça com que consigamos rastrear, localizar (e entender) nossos sentimentos e emoções. Somos, e talvez sempre seremos, o mais perfeito e quase “incorrigível” mistério.
É tão fácil dizer: - Olhe para dentro de si mesmo! Olhar como???? Visão raio X??? Ninguém tem consciência de nada! O fulano aprende uma coisinha aqui, outra ali e se sente o máximo, o guru do universo e, no fim, também não sabe nada sobre si próprio! Será que criaturas “aparentemente” mais evoluídas como Gandhi, Che e Luther King, por exemplo, conheciam a si mesmos? Será que eles sabiam mais sobre os pequenos privilégios do que aquelas pessoas que hoje em dia encaram uma dura rotina em uma cadeira de rodas? Quando seremos genuinamente gratos e conscientemente felizes por sermos os privilegiados? Quando teremos a medida exata da extensão de nossos problemas? Quando seremos pura e simplesmente felizes por apenas estarmos vivos?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Salve, Drauzio!

Sabe quando alguém pergunta, por mera curiosidade: Quem é seu ídolo? E você responde com um baita orgulho? Sabe? Sabe? Eu sei: Drauzio Varella!
Na verdade eu nem precisava me esforçar tanto. Num cenário com tanta gente sendo influenciada por tantos artistas medíocres, babacas metidos a celebridades, modelos, posers, idiotas de plantão, etc, etc... Qualquer ser humano que pense já é uma boa resposta!
Mas ele é realmente exemplar. Além de pensar, falar e escrever muito bem, ele age! E acabou de concluir mais uma série espetacular sobre um tema que eu até hoje me pergunto por que é tão renegado e tão polêmico na nossa sociedade!
Como doadora assumida e militante pela causa, eu lamento muito que vivamos em um país tão despreparado para lidar com um dos maiores avanços científicos do nosso tempo e fico horrorizada com o descaso dos cidadãos e do governo em relação à evolução dos transplantes no Brasil. Ora, ainda temos pessoas que se dizem não doadoras por medo de roubarem seus órgãos! Pessoas que se dizem não doadoras porque não querem seu “corpinho” danificado na hora do enterro! Ai, meu Deus! Já ouvi tantas! Pessoas não doadoras porque simplesmente não querem doar! Filhos da puta! Deviam ser os primeiros da lista a precisar um dia! Ah, deviam sim! Ops, os primeiros não, os últimos!
O dr. Drauzio mostrou na sua série no Fantástico os vários problemas a serem resolvidos no nosso sistema de saúde, os entraves, a burocracia, a ignorância da população, o despreparo dos hospitais, o descaso do governo e a inércia de todos, especialmente do paciente, que é o único que realmente não pode fazer nada a respeito.
Espero que tenha sido muito útil, porque é isso o que o Dr. Drauzio tem feito durante toda a sua vida: ser útil. E espero que mude muita coisa em nosso país. Não só em termos de transplantes, mas em termos de respeito ao próximo também.
Precisava tanto de mais pessoas assim no nosso mundo, no nosso país, no nosso universo particular... Cada vez ficamos mais enojados com as nossas figuras públicas! Até tu, Heloísa Helena?
Onde estão as pessoas que copiam o desvelo do Dr. Drauzio com a sua profissão? É a festa da incoerência, um desfile de devassidão, um soco na nossa cara! E o pior de tudo isso, se é que pode ter algo pior: a maioria das pessoas ainda não sabe votar!
Eu que criticava tanto aquelas pessoas que diziam que o voto não devia ser obrigatório, que isso era pior, não era democrático, blá, blá, blá... Vivi para me arrepender. Ainda bem que a gente vive pra se contradizer. Realmente talvez isso melhorasse a nossa situação. Mas eu não acredito mais em muita coisa hoje. Hoje é um dia em que eu só acredito no poder revigorante de uma boa noite de sono!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Silêncio, por favor!

Ai... Essa frase me lembrou uma música do Paulinho da Viola:

“Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco a dor no peito
Não diga nada sobre meus defeitos...”

Quem será que inventou o dia do silêncio e por quê? Quantas pessoas sabem que hoje é o dia do silêncio? Que preguiça de perguntar para o meu amigo Google.
Na verdade não sei se tem um objetivo ou não, mas esse dia podia remeter ao próprio significado da palavra, segundo os principais dicionários: a ausência total de ruídos. Por um dia! Um diazinho apenas. Ou seja, pura utopia! Silêncio hoje em dia só pode estar relacionado ao fim do mundo.
No início era o Caos... O novo caos seria o silêncio total.
Dá até prazer em pensar. Sem máquinas, carros, caminhões, trens, buzinas, gritarias, TV com a novela das oito cheia de expressões indianas mal pronunciadas, funk da mulher melancia, maçã e homem banana, etc, etc... Só a mais pura contemplação do silêncio. Como diria um grande entendedor do assunto, Charles Chaplin:
"O som aniquila a grande beleza do silêncio."
Concordo plenamente. O silêncio, além de ser muitas vezes esclarecedor, também é belo.
Acho que ouvi há um tempo atrás sobre um dia do silêncio criado nos EUA por uma comunidade gay para representar a solidão e o desprezo que eles recebiam da sociedade. Não sei se é isso mesmo, mas achei a melhor forma possível de protestar. O silêncio é uma arma poderosa. Em nossa História já foi o protagonista muitas vezes. O momento que mais pode exemplificar o que estou dizendo é o Holocausto. Um desastre fruto da tirania de um e do silêncio de milhares.
O minuto de silêncio também é uma maravilhosa homenagem. Nos faz refletir sobre a grandeza das pessoas. Nos lembra que somos humanos e não nos conformamos com a violência dos nossos dias.
Silêncio pode ser sinônimo de muita coisa: medo, desprezo, indiferença, constrangimento e o mais comum de todos: falta de assunto e/ou de opinião. Esse último silêncio me irrita muito, mais que o silêncio da indiferença. Algumas pessoas não falam com receio de parecer idiotas e, no fim, podem simplesmente parecer covardes. Será que é tão menos degradante parecer covarde?
“Quem cala consente!”
É isso mesmo! Vivemos num mundo de consentidores. Um vergonhoso mundo em que há aqueles que preferem que critiquem o seu silêncio ao invés de suas palavras.
O silêncio realmente não atesta ignorância. O silêncio apenas omite a falta de conteúdo! Mas não é esse o silêncio que esperamos das pessoas. Gostamos do silêncio que traduz a serenidade, e o silêncio que amamos é aquele que diz tudo!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Depende...

Depende daquele restinho de forças
encontrado na mais exausta das criaturas
Depende daquela vontade firme
que não pensa na impossibilidade de mover montanhas
Depende de um simples toque lá no fundo do coração
que quer dizer: Tente ! Você pode !
Depende de crer, antes mesmo deste toque,
pois sem a fé, ele é nulo!
Depende de ouvir tanto quanto falar,
ou ouvir mais, ou apenas ouvir...
Vozes externas e internas, universais!
Depende da esperança
e ela é infinita
Depende do outro,
que pode ser aquele que está dentro de nós
Depende mais de um do que do outro
e é assim que ambos devem pensar
Depende de setas que buscam o mesmo alvo,
mesmo que tenham sentidos opostos
Depende de aprender sempre
e da consciência da própria ignorância
Depende de nunca ter certeza, nunca!
E de nunca acreditar que nunca...
Depende de saber que ninguém é só
e somos únicos, ímpares, mas incompletos
Depende de buscar a perfeição
e alguns a chamam Deus!
Depende de saber que há um mundo dentro de nós
que reformamos a cada dia
E do que pensamos sobre este mundo
e como fazemos esta reforma
Depende do conteúdo sempre
e comercialmente da imagem...
Depende de plantar sempre
Tudo o que colhemos também depende
do que plantamos
Depende de transformar problemas em soluções
obstáculos em vitórias
derrotas em lições e estímulos
Depende de saber que somos nada e podemos tudo,
e tudo é consequência do que fazemos com este poder
Depende de aprender com a tristeza e esquecê-la
Eternizar as pequenas e grandes alegrias,
e buscar alegria dentro de nós, pois é lá que ela vive...
Depende de recordar sempre os bons momentos
e torná-los consolo para as horas difíceis
Depende de nunca magoar alguém,
pois existe o respeito, o arrependimento e o amanhã...
Depende também de não guardar mágoa
E desprezar a inveja, sentimento igualmente inútil
Depende também de ridicularizar a raiva,
pois ela nos torna tão idiotas
Depende de só sentir ciúmes do que realmente é nosso
(e ninguém é dono sequer de si próprio)
Depende de ver o lado bom de tudo,
pois o lado mal existe
Depende de esquecer o passado
que nos traz auto culpa, sofrimento e desgosto
e também nunca esquecer o passado
em que fomos muito felizes...
Depende de nunca ignorar o futuro
e eliminar a prepotência e a ansiedade
Depende de esquecer a vingança e crer na justiça!
Depende de acreditar que a morte é apenas uma passagem
e amenizar a saudade com boas lembranças...
Depende de não ser egoísta e não viver “relações” unilaterais
Depende também de não depender de ninguém
Depende do amor
de aprender com a dor
Depende fundamentalmente do equilíbrio:
A vida!
Pende, depende...

Gina Ferreira
Nov/2000

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Listening to Beatles, talking about love

Há aqueles que acreditam que a rotina e a convivência alimentam o amor. Há aqueles que acreditam que elas o desgastam. Quem ama de verdade?
Há aqueles que acreditam que só amamos quem conhecemos de verdade. Outros, que creem que o amor sobrevive do mistério...
“Ah, look at all that lonely people...”
Eles tinham razão. Somos a solidão. A solidão que tememos. Todos somos náufragos e os nossos corações são porta-aviões perdidos no mar esperando alguém pousar.
Let it be! Os mistérios e segredos do amor são mais intrigantes e importantes quando se tenta descobrí-los junto com quem se acredita amar. A solidão apenas teoriza o amor.
Há aqueles que acreditam que a paixão é o veneno que mata o amor, e outros que creem que ela é o combustível que o conduz. Quem ama de verdade?
A estrada para o grande amor não é realmente longa e sinuosa?
Na verdade o que é o amor quando não há ninguém que cuide dele?
I don't know, I don't know...
O amor sem entrega plena é mar sem água, é dia sem luz ou algo assim...
O sofrimento realmente faz parte da história do amor, precisamente ligado à falta ou ao fim do mesmo. Querer amar sem sofrer é querer ganhar sem competir, colher sem plantar e viver sem arriscar.
Então, que tudo compense o amor! A ilusão, a dor, a indiferença, o esquecimento, a vaidade e as lembranças... Porque o momento, o instante em que se ama é belo, é pleno, peculiar, excepcional e genuíno como o verdadeiro sentido do amor.
Há de surgirem estrelas no céu para contarmos e esquecermos.
O arrependimento jamais deverá fazer parte da história do amor. Que este amor seja sempre mais realidade do que fantasia...
Sempre haverá amor de todas as formas e em todos os corações:
Amores breves e duradouros, fortes e frágeis, reprimidos e declarados, presentes e distantes, promissores e vagos, concretos e platônicos. Mas é somente amor o que para nós pode ser considerado como tal.
Here, there and everywhere....
Nosso amor pode crescer, aparecer, florescer entre pedras, entre espinhos, entre tudo que no mundo existe porque a nossa capacidade de amar nos pertence, e também, a vontade de cada um de se iludir, se enganar, a vontade de esquecer, de lembrar... Basta saber que o tempo destrói teorias, cura feridas e ensina a todos aqueles que desejam aprender a lição.
É tão bom saber que, independente de tudo em que se acredite, o tempo existe e ele não para.
Se não for o amor, qual é o sentido do universo?
Amor não é tão somente uma palavra bonita e um sinônimo de bondade ou paixão. Amor é um sentimento real, valioso e revolucionário que cada ser carrega dentro de si.
Nunca se importe se, apesar de tudo, por conta de muitos enganos e desencontros, algumas pessoas tenham medo de amar. A covardia humana é, de fato, lastimável! Tememos abstratos e nada sabemos sobre eles como nada sabemos sobre nós e os demais mistérios do universo. Pelo menos a maioria sabe que ninguém nesse mundo pode ser feliz sem amor...
All you need is love!


segunda-feira, 27 de abril de 2009

O eterno deus Mu dança

As grandes mudanças surgem com idéias revolucionárias. Estas idéias partem de seres humanos corajosos, abertos às novidades, que por alguma razão, descobriram que a transformação do mundo está em nossas mãos.

“Você vê coisas que existem e se pergunta: Por que?
Eu imagino coisas que nunca existiram e me pergunto: Por que não?”


Esta frase define bem o pensamento de grandes cientistas, filósofos e inventores que ultrapassaram os limites estabelecidos por paradigmas e mostraram ao mundo o poder de criação dos seres humanos.

Mudar é uma atitude difícil, exige sempre um grande esforço. Aceitar uma condição ou uma postura é bem mais simples do que questionar nossos pensamentos e ações freqüentemente. A dúvida é útil e necessária. Ela é sempre um convite à mudança e é a grande prova que o ser humano não é plano, monolítico ou estático.
Muitas pessoas acreditaram em seus sonhos e muitas declararam ao mundo o chamado da mudança.
Eu sei que o futuro ainda reserva-nos grandes surpresas!

“Libertem-se da escravidão mental,
Somente vocês podem libertar suas mentes.
Não tenham medo da energia atômica,
Porque nada pode parar o tempo...”

Bob Marley

“Os homens deixam de nos interessar quando descobrimos suas limitações. O único pecado é a limitação. Logo que se descobrem as limitações de um homem, ele está abandonado...”
Emerson

Alguma coisa na natureza faz sentir o choque das ideias novas.
A estrada daqueles que narram verdades e bradam mudanças necessárias é sempre muito árdua: Sócrates bebendo cicuta, Cristo crucificado, Joana d'Arc queimada, Galileu forçado pelo terror a retirar verdades que anunciara, Ghandi e Mandela aprisionados... Que esforço! Não seria mais simples se eles vivessem assim como nós? Calados, passivos e acreditando que sabiam um pouco da vida?

Acredito que em cada alma foi depositada a semente de um grande futuro, mas a semente nunca germinará se não sairmos em busca da maturidade e desenvolvermos o hábito de mudar sempre, por mais complexa que esta atitude possa parecer. O mundo reage com a transformação dos seres humanos. As conseqüências de novas visões são sempre chocantes, mas necessárias.

O primeiro obstáculo à frente da mudança é a falta de confiança em si mesmo. A confiança não foge à regra: desenvolve-se quando usada e desaparece quando não é exercitada.

“O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro...”
Roosevelt

“Nunca lhe deram oportunidades para mudar?
Já pensou em criá-las por si próprio?”
Napoleon Hill

Às vezes as grandes transformações são mais que necessárias, elas imploram para acontecer: a igualdade de direitos, a liberdade de expressão, o cessar fogo...

“Quantas estradas um homem deve andar até tornar-se um homem?”
Quantos mares uma andorinha deve atravessar antes de descansar na areia?
Quantas vezes devem-se atirar balas de canhão até que elas sejam proibidas?
A resposta está soprando no vento...”

Bob Dylan

O quanto é necessário que algo falhe para que ocorram transformações?

“Não são necessários desgastes para que ocorram mudanças. São necessárias mudanças para que não ocorram desgastes...”

Esquecer o passado ou não fazer dele uma eternidade é também fundamental em um processo de transformação:

“Nada do que foi será de novo de um jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará...”
Lulu Santos

“Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo!
Todos os dias antes de dormir lembro e esqueço como foi o dia.
Sempre em frente!
Não temos tempo a perder...”
Renato Russo

“Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer”
Geraldo Vandré

“...O tempo é minha matéria...
....Então, meu coração também pode crescer
Entre o amor e o fogo
Entre a vida e o fogo
Meu coração cresce dez metros e explode
Ó vida futura! Nós te criaremos.”
Carlos Drummond de Andrade

“Não há nada permanente, exceto a transformação. A vida lembra um grande caleidoscópio diante do qual o tempo está sempre mudando, transformando e arranjando novamente o cenário e os artistas... Tudo está num estado de fluxo...”
Napoleon Hill

“...Sente-se e não é somente aqui
mas em qualquer lugar
Terras, povos diferentes
Outros sonhos para sonhar

A gente que mudança
O dia da mudança
A hora da mudança
O gesto da mudança

O time da mudança
O jogo da mudança
O lance da mudança

Mesmo lá no inconsciente
Alguma coisa está clamando por mudança
O tempo da mudança, o sinal da mudança.
O ponto da mudança
Sente-se o que chamou-se Ocidente
Tende-se a arrebentar
Todas as correntes do presente para enveredar
Já pela veredas do futuro ciclo do ar
Sente-se, levante-se
Prepare-se para celebrar
O deus Mu dança...”
Gilberto Gil

As mudanças não acontecem simplesmente por acaso, até porque talvez nada aconteça por acaso. As revoluções são muitas para provirem do acaso. O acaso não pode ter tanto poder e sabedoria. A atitude é o combustível que move a mudança!
Cada segundo que passa representa um tempo que foi deixado para trás e jamais voltará, indicando que o futuro está cada vez mais próximo, quase chegando, chegando... Chegou! O futuro já está batendo na nossa porta.
Não podemos condicionar a transformação ao tempo que virá. Hoje é um dia em que podemos mudar!


Gina Ferreira

Novembro/2000

sábado, 25 de abril de 2009

Gatos, chinelos e blogs...

Meu diário virou Blog. Minhas cartas viraram emails e o meu álbum virou Orkut e Facebook. E assim, uma parte do meu mundo mudou radicalmente em alguns poucos anos.
O mundo da minha mãe levou décadas para receber grandes transformações e o mundo da minha avó... Bom, o mundo da minha avó é praticamente o mesmo, independente das transformações do mundo externo. Reflexos do terceiro mundo, onde lamentavelmente muitos não têm o direito a algumas transformações. Elas pouco evoluíram nesse sentido.
Enfim, e eu? Eu evoluí? Felizmente ou não, sim! O conhecimento é sempre o motor do veículo da transformação. Algumas pessoas permanecem iguais e mantêm suas vidas iguais por falta de conhecimento, e não, por falta de opção. Afinal, sem conhecimento não há opção. Sem entendimento de mundo não há questionamentos, não há sequer diálogo.

Por que me pego pensando nestas coisas agora?
Por que a rápida transformação dos nossos costumes, das nossas necessidades e dos nossos valores me surpreende diariamente? Só pode ser um sinal de velhice! Só os “velhos” olham para trás assim...
Será que a juventude questiona a velocidade das transformações? A juventude percebe?
Não. Essas coisas para os jovens são meras mudanças. Transformação é uma percepção de velhos, como eu. Eu, que paro, escrevo e fico aqui discutindo com minhas ideias (ops, agora sem acento, por favor).
Eu queria que toda essa velocidade de mudança também fosse refletida no modo de agir dessa juventude. Que toda essa apatia, que eu não consigo deixar de ver, fosse uma característica rara de alguns mal informados. Não dá para aceitar passivamente que jovens, que ainda não estão sufocados pelas obrigações do dia a dia, não sejam extremamente atualizados, engajados e produtivos! Não dá para se conformar com o fato de que eles não leiam, não escrevam, não entendam de assuntos variados e complexos. Eles têm tudo! É desmotivante saber que batalhávamos tanto para ter tão pouco. Quantos livros, jornais, revistas, discos comprados com dinheiro suado por um mínimo de prazer e conhecimento! Ao menos sabíamos que conhecimento também é prazer. Mas a gente sofria porque ter informação valia a pena, ela era escassa.
Será que é isso mesmo? A informação atualmente é tão abundante que perdeu o valor?

Não sei. Os meninos, na minha opinião, não leem e não escrevem (e por consequência, pouco pensam) porque perderam a capacidade de concentração. O mundo gira rápido demais agora. São muitas mídias, muitos recursos, muitos assuntos, muitas besteiras e, no meio desse caos, uma imensa preguiça de ter um trabalho árduo. Porque pensar exige muito esforço. Ler, analisar, questionar são tarefas demoradas e, às vezes, desgastantes. A culpa é da hiperconectividade!
Não, não... Na verdade, a culpa é minha, que fico olhando esses chats, blogs e fóruns da internet, onde a meninada escreve baboseiras e futilidades sem noções básicas de ortografia, e acho que esse pessoal representa a juventude! Que estupidez a minha, não é?
A culpa é da minha velhice. E eu devia estar feliz, porque afinal, como diria Mário Quintana:
“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda”...
Eu devia seguir como minha mãe e avó, que não questionam nada disso. Eu nem devia ter blog...