sábado, 25 de abril de 2009

Gatos, chinelos e blogs...

Meu diário virou Blog. Minhas cartas viraram emails e o meu álbum virou Orkut e Facebook. E assim, uma parte do meu mundo mudou radicalmente em alguns poucos anos.
O mundo da minha mãe levou décadas para receber grandes transformações e o mundo da minha avó... Bom, o mundo da minha avó é praticamente o mesmo, independente das transformações do mundo externo. Reflexos do terceiro mundo, onde lamentavelmente muitos não têm o direito a algumas transformações. Elas pouco evoluíram nesse sentido.
Enfim, e eu? Eu evoluí? Felizmente ou não, sim! O conhecimento é sempre o motor do veículo da transformação. Algumas pessoas permanecem iguais e mantêm suas vidas iguais por falta de conhecimento, e não, por falta de opção. Afinal, sem conhecimento não há opção. Sem entendimento de mundo não há questionamentos, não há sequer diálogo.

Por que me pego pensando nestas coisas agora?
Por que a rápida transformação dos nossos costumes, das nossas necessidades e dos nossos valores me surpreende diariamente? Só pode ser um sinal de velhice! Só os “velhos” olham para trás assim...
Será que a juventude questiona a velocidade das transformações? A juventude percebe?
Não. Essas coisas para os jovens são meras mudanças. Transformação é uma percepção de velhos, como eu. Eu, que paro, escrevo e fico aqui discutindo com minhas ideias (ops, agora sem acento, por favor).
Eu queria que toda essa velocidade de mudança também fosse refletida no modo de agir dessa juventude. Que toda essa apatia, que eu não consigo deixar de ver, fosse uma característica rara de alguns mal informados. Não dá para aceitar passivamente que jovens, que ainda não estão sufocados pelas obrigações do dia a dia, não sejam extremamente atualizados, engajados e produtivos! Não dá para se conformar com o fato de que eles não leiam, não escrevam, não entendam de assuntos variados e complexos. Eles têm tudo! É desmotivante saber que batalhávamos tanto para ter tão pouco. Quantos livros, jornais, revistas, discos comprados com dinheiro suado por um mínimo de prazer e conhecimento! Ao menos sabíamos que conhecimento também é prazer. Mas a gente sofria porque ter informação valia a pena, ela era escassa.
Será que é isso mesmo? A informação atualmente é tão abundante que perdeu o valor?

Não sei. Os meninos, na minha opinião, não leem e não escrevem (e por consequência, pouco pensam) porque perderam a capacidade de concentração. O mundo gira rápido demais agora. São muitas mídias, muitos recursos, muitos assuntos, muitas besteiras e, no meio desse caos, uma imensa preguiça de ter um trabalho árduo. Porque pensar exige muito esforço. Ler, analisar, questionar são tarefas demoradas e, às vezes, desgastantes. A culpa é da hiperconectividade!
Não, não... Na verdade, a culpa é minha, que fico olhando esses chats, blogs e fóruns da internet, onde a meninada escreve baboseiras e futilidades sem noções básicas de ortografia, e acho que esse pessoal representa a juventude! Que estupidez a minha, não é?
A culpa é da minha velhice. E eu devia estar feliz, porque afinal, como diria Mário Quintana:
“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda”...
Eu devia seguir como minha mãe e avó, que não questionam nada disso. Eu nem devia ter blog...




Nenhum comentário: